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PRECISAMOS DE PARCERIA COM O SETOR PRIVADO PARA FOMENTAR A ECONOMIA’, DIZ ALAN SILVEIRA


O ex-prefeito de Apodi, Alan Silveira, assumiu no último dia 1º, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Sedec), uma das pastas mais estratégicas do Governo do Estado. Silveira substitui Sílvio Torquato, que passou a ocupar o cargo no ano passado. O convite para assumir a pasta partiu do vice-governador Walter Alves, que integra a base da governadora Fátima Bezerra (PT). Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, ele diz que a ideia da gestão é reforçar o fomento e o fortalecimento da economia local, promover emprego e renda, além de ampliar a participação das entidades do setor produtivo no governo.

Alan Silveira esteve à frente da Prefeitura de Apodi durante duas gestões consecutivas, sendo a última entre 2021 e 2024, após vencer as eleições de 2020 com 59,81% dos votos, representando o MDB. Silveira é farmacêutico bioquímico de formação, com especialização em hematologia clínica e empresário da área da saúde. Confira a entrevista:

O senhor assume a Sedec na reta final do atual governo.

Quais serão suas prioridades até o fim da gestão?

Quando assumimos, no dia 1º, já por dentro da pasta, já conversamos que o nosso foco vai ser esse, de trabalhar o desenvolvimento econômico do Estado de forma sustentável. Portanto a gente vai fazer esse trabalho mantendo as parcerias com as entidades, Fiern, Faern, Sistema S, Fecomércio, FCDL, prefeituras, indústrias. A gente vai continuar esse trabalho, realizando as ações da secretaria, como as pesquisas, o trabalho do Proedi, Costura Mais RN, RN Mais Gás, o trabalho da construção e planejamento dos polos industriais, distritos industriais, distritos empresariais. E, claro, focando no potencial que cada região e município tem, focando o potencial da capital ao interior, e trabalhando do litoral ao sertão.

E claro que a gente já tem alguns projetos novos: eu pretendo fazer parcerias com as prefeituras na elaboração de projetos, voltado na realidade de cada um, focar nessa questão do nosso Porto Indústria Verde, que em breve vai estar sendo licitado para as empresas elaborarem o projeto de engenharia, trabalhar as energias renováveis, que a gente tem um potencial gigante, focar também nessa questão de incentivo, ampliar o incentivo nas indústrias, porque a gente trazendo mais indústrias para o Rio Grande do Norte, no final a gente está gerando emprego e renda. E no final também elaborar alguns projetos novos junto com a nossa equipe técnica.

Como o senhor avalia o ambiente de negócios do RN atualmente? Quais medidas considera urgentes para torná-lo mais atrativo a novos empreendimentos?

Nos últimos dados que a gente divulgou, o Rio Grande do Norte foi o único Estado do Nordeste com mais CLTs que pessoas beneficiadas com Bolsa Família. Isso é um dado bastante positivo. No Caged, divulgado em maio, demonstrou que a gente teve um saldo positivo de mais de 2.200 empregos, e a tendência é que esse saldo aumente nos próximos meses, já que a gente começa agora, nesse período de verão, vem a fruticultura irrigada, que aumenta a sua produção, a mineração, dentre outros setores. Tivemos agora um dado bastante positivo também na nossa balança comercial, onde tivemos um superávit no primeiro semestre de mais de US$ 210 milhões, tanto no comércio de exportação como também no comércio de importação. Então o nosso trabalho nesse final, nesse segundo semestre para 2025, é isso, continuar esse trabalho para que a gente continue com esses saldos positivos, mas ampliando. A gente tem agora empresas se instalando em Currais Novos para extração de ouro, tem uma empresa em Equador se instalando também para a extração de um minério. A gente tem ali na região de Serra Negra do Norte, naqueles municípios também, para a questão do potencial da extração de ferro. Então a gente vai potencializar o que o Rio Grande do Norte tem de melhor. Já estou também em diálogo com empresas sobre a questão do gás natural; já tem até uma empresa que vai se instalar e até dezembro estará em funcionamento para que a gente aumente a produção e também o transporte do gás, a venda do gás natural, que a gente tem um potencial gigante.

O setor produtivo tem apontado demora nos licenciamentos ambientais como um dos principais entraves ao avanço de novos empreendimentos. O sr. pretende fazer alguma articulação junto ao Idema? Como pretende buscar o equilíbrio entre proteção ambiental e viabilização de investimentos?

Isso é até uma pauta da governadora Fátima. Ela reforçou que pretende, junto com a Sedec, ampliar essa questão da geração de emprego e renda. Ela está dando total autonomia para a gente, mas ao mesmo tempo fazendo através de estudos. Ela sempre pede para que se faça o levantamento, o estudo de viabilidade técnica, econômica, ambiental, para que a gente possa fazer com que o RN continue crescendo, que a gente gere emprego e renda, que a gente traga indústrias, mas que a gente não danifique o nosso meio ambiente. Então a gente já está em diálogo com o Idema. Eu vou ter uma reunião lá, onde a gente vai tratar disso. Como fui gestor por oito anos, e a gente sabe que existe uma burocratização, mesmo o governo Fátima já tendo melhorado muito essa parte. Então a gente pretende ampliar e desburocratizar o máximo possível. Existe a Lei 272, a gente já está estudando essa lei para modernizar mais ainda essa lei, para que a gente possa facilitar a entrada de empresas, a expansão das indústrias no Rio Grande do Norte, mas sem danificar o nosso meio ambiente.

O Porto de Natal enfrenta gargalos estruturais e limitações operacionais que preocupam o setor produtivo.

Há alguma articulação da Secretaria para ampliar a competitividade do porto ou buscar soluções logísticas que garantam o escoamento eficiente da produção local?

O Porto da capital está dentro do nosso planejamento para que a gente possa tentar fomentar mais ainda ele, melhorar a sua infraestrutura. Isso é uma pauta da governadora Fátima. E em paralelo a isso, estamos buscando melhorias nas estradas, tanto as BRs como as RNs. A gente tem um trabalho para reativar – mas isso vai depender muito do governo federal e também de parceiros como parlamentares e principalmente o governo – para trazer de volta aquela ferrovia que sai de Grossos, Areia Branca, passa por Mossoró, Caraúbas, e vai até a Paraíba. Se a gente conseguir tirar isso do papel, eu acho que é um avanço na questão de importação e exportação aqui do nosso estado. E o Porto tem que ter um olhar diferenciado. A gente sabe que hoje existem algumas limitações que a gente precisa melhorar e já está fazendo todo esse levantamento e planejamento para que possamos elaborar projetos de melhoria à estrutura e também toda a logística do Porto do Natal. E em paralelo a isso, a gente vem trabalhando o Porto Indústria Verde, que, como eu falei, é uma mega obra, são mais de 3 mil hectares, que a construção é ali em Caiçara do Norte, no litoral do nosso Estado.

O turismo é um dos motores da economia do RN. O que o sr. pretende fazer para fortalecer o setor neste último período de gestão? Há planos para ampliar a atração de voos ou investimentos privados no setor?

O turismo do Rio Grande do Norte é uma cadeia que tem um potencial gigante. A gente vai desde a capital, com o nosso litoral, mas também no interior. Recentemente foi inaugurada e aberta a Furna Feia, entre Baraúnas e Mossoró. E ela está dentro da Rota das Cavernas, que é uma rota bastante interessante, que a gente quer fomentar, que pega Mossoró, Baraúnas, vai para Apodi, com o Lajedo Soledade, Felipe Guerra, com as cavernas, seguindo até o município de Martins, Portalegre, com as serras. Se você vai para a capital, a gente tem todo o nosso litoral, que é belíssimo, que tem como trazer bastante turista para cá, com as nossas belas praias. A gente vai para o interior, a gente tem castelos, cavernas, lajedos, barragens, museus. Então temos espaço para fomentar o turismo, que é uma das principais cadeias. A gente tem também os eventos, que são atrativos, trazem o pessoal não só das cidades, mas também de outros estados e outros países para vir prestigiar, para vir participar. Eu já tive um diálogo com a secretária de Turismo, já temos uma reunião marcada para a gente tratar sobre isso.

O senhor foi prefeito de Apodi, um município com forte vocação agrícola. Como essa experiência no interior influenciará sua atuação à frente da pasta, especialmente na integração entre o desenvolvimento regional e o setor produtivo rural?

Eu ganhei uma certa experiência na gestão pública, estive oito anos à frente do município de Apodi, um dos maiores do nosso Estado, e o segundo maior da região Oeste. É um município grande, tem água mineral, o calcário, a fruticultura irrigada, um potencial gigante na agricultura familiar. Eu também sou empresário, também tenho uma certa experiência no ramo empresarial. E agora, à frente da pasta da Sedec, vim para contribuir mais ainda, juntando nossa equipe técnica, com o conhecimento que eu tenho, que a equipe tem, com a abertura que a gente tem. A gente praticamente triplicou o número de empresas e indústrias se instalando em Apodi, o número de MEIs quase triplicou. Tivemos muitos pequenos negócios se instalando no nosso município. E o principal, a gente fez uma parceria muito forte com a CDL, com o Sebrae, Senar, Senac. Hoje Apodi tem programas voltados à agricultura, ao turismo, ao comércio local. A gente vai pegar essa experiência para trazer também para a Sedec.

Qual sua visão sobre o papel do Estado na economia potiguar?

O senhor defende uma atuação mais intervencionista, indutora ou acredita que o setor privado deve liderar com o Estado apenas criando condições?

O Governo do Estado vem fazendo seu papel com programas que geram emprego e renda, que fomentam a economia, que potencialize o que a gente tem de melhor em diversas áreas, vem fazendo esse papel e o que a gente vai fazer é potencializar mais ainda esse trabalho e focar nas parcerias. A gente tem que avançar nas parcerias público-privadas. Isso é uma realidade no Mundo, em diversos países, e até mesmo diversos estados já realizam isso, e o Rio Grande do Norte já tem diversos projetos. A gente precisa fazer uma parceria e envolver mais o setor privado, o setor industrial, o setor empresarial dentro do governo para que a gente possa juntos fomentar a economia do RN e gerar emprego e renda. Eu vejo no setor privado um papel importantíssimo para que a gente possa alavancar cada vez mais.

Alan Silveira é natural de Apodi/RN, farmacêutico bioquímico com especializações em Hematologia Clínica e Saúde da Família. Foi prefeito de Apodi por dois mandatos consecutivos (2017–2024). Também atuou como bioquímico em instituições públicas e privadas do RN. Em 2025, assumiu a presidência da Fundação Ulysses Guimarães.

Fonte: Tribuna do Norte

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