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TRUMP FECHA ACORDOS COMERCIAIS COM UE, JAPÃO E CHINA; BRASIL SEGUE ISOLADO

Imagem: Reprodução

A menos de uma semana da entrada em vigor das novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil segue sem acordo com Washington e se torna o principal alvo do chamado “tarifaço”. A medida, que impõe tarifas extras de até 50% sobre produtos brasileiros, entra em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto.Enquanto isso, a Casa Branca tem firmado acordos bilaterais com importantes parceiros comerciais, como União Europeia, Japão, China, Reino Unido, Filipinas, Indonésia e Vietnã, reduzindo significativamente as tarifas previstas para esses países.

Brasil fora das negociações

O governo brasileiro, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin nas negociações, ainda não conseguiu avanços concretos com os EUA. Trump justificou a manutenção das tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros alegando “práticas comerciais desleais” por parte do Brasil, e chegou a condicionar qualquer possibilidade de recuo à interrupção do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF — o que evidencia o tom político da retaliação.

Além disso, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) abriu uma investigação contra o Brasil, citando disputas judiciais envolvendo plataformas digitais como exemplo de conduta comercial prejudicial.

Acordo com a União Europeia

Neste domingo (27), Trump anunciou, ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, um acordo com a União Europeia. Pelo trato, o bloco se compromete a investir US$ 600 bilhões nos EUA e a adquirir US$ 750 bilhões em energia americana.

Em contrapartida, as tarifas impostas anteriormente — que chegavam a 30% — serão reduzidas para 15%. O alívio tarifário deve beneficiar setores como automóveis, farmacêuticos e agricultura.

Japão, Reino Unido e China também selam acordos

Japão: Em 22 de julho, Tóquio anunciou investimento de US$ 550 bilhões nos EUA. Em troca, as tarifas caíram de 25% para 15%.

Reino Unido: Primeiro a negociar com Washington, os britânicos conquistaram cotas especiais para montadoras e redução de tarifas sobre aço, carne, etanol e produtos aeroespaciais.

China: Em 12 de maio, Washington e Pequim firmaram um acordo provisório, válido por 90 dias, com cortes recíprocos nas tarifas (de 125% para 10% por parte da China, e de 145% para 30% pelos EUA). Um novo prazo de negociação pode ser anunciado em agosto.

Outros países asiáticos

Filipinas, Indonésia e Vietnã: Todos fecharam acordos com os EUA. A taxa média de tarifas ficou entre 19% e 20%, significativamente abaixo da aplicada ao Brasil. Em contrapartida, esses países também aceitaram abrir seus mercados a produtos americanos, isentos de tarifas.

Isolamento do Brasil

O Brasil é o único país listado a sofrer a tarifa máxima de 50%. Para analistas, como o diretor da Eurasia Group, Christopher Garman, o impasse tem raízes políticas, uma vez que Trump tem se colocado como defensor de Jair Bolsonaro, comparando a situação do ex-presidente brasileiro à sua própria perseguição judicial.

Para o economista André Perfeito, o isolamento do Brasil revela uma tentativa de Washington de limitar alianças brasileiras com blocos econômicos fora de sua influência. Segundo ele, esse tipo de pressão não era vista desde os tempos da Guerra Fria.
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