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Jornalista não é padre para fazer voto de silêncio


Outro mito persistente no imaginário coletivo é aquele que prega que jornalista não pode elogiar político. Que não pode ter amizade com político. Que deve manter uma frieza forçada, como se toda proximidade significasse corrupção da ética.

Pois bem: eu tenho amigos políticos. Tenho relações de respeito e convivência com alguns. E também há os que não gostam de mim — ou das minhas opiniões. E tudo bem. Não tenho inimigos políticos. Ou quase nenhum. E se tiver, nenhum deles é importante o bastante para que eu os transforme em algo pessoal.

Não carrego essa culpa. E não vejo por que carregar. Quem acompanha meu trabalho sabe: quando é preciso elogiar, eu elogio. Quando é preciso criticar, eu critico. Sem medo. Sem cálculo. Sem bajulação. E sem ódio.

Jornalismo não é sobre erguer muros artificiais entre pessoas. É sobre compromisso com o fato, com a análise, com a interpretação honesta dos acontecimentos. O jornalista não é uma máquina sem vínculos — é um ser humano com consciência do seu papel público. E isso inclui saber diferenciar amizade de conivência, respeito de subserviência.

O bom jornalismo não teme o elogio — apenas o bajulador. E não evita a crítica — apenas o covarde. E assim vamos seguindo adiante: com clareza, com opinião, com responsabilidade. E, acima de tudo, com liberdade.
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